Acidentes com motos representam 54% e tecnologia contribui para redução

Os acidentes envolvendo motos, em vias e rodovias de todo o país são crescentes, assim como a frota. Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, o primeiro semestre deste ano registrou 50% mais vendas de motos.

Seguindo o aumento da frota, o número de infrações com motociclistas também subiu 14,3% em 2021, se comparado com o ano anterior. Ao todo, foram registradas 71.344 ocorrências no país. Os acidentes com motos representam 54% de todos os acidentes de trânsito do Brasil, segundo a  Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet). Neste período, cerca de 308 mil motociclistas precisaram ser hospitalizados, e cerca de 2 mil não resistiram aos ferimentos. O total de hospitalizações custou R$ 279 milhões aos cofres públicos.

Dados como estes fazem com que cidades e estados brasileiros busquem meios de reduzir infrações e a tecnologia, aliada a inteligência artificial, têm sido fundamentais para evitar acidentes com veículos e motos. Aliado a câmeras de monitoramento de alta definição, os medidores de velocidade possibilitam a integração em uma central e são dotados de softwares que também conseguem emitir dados como a tentativa de motociclistas driblar o radar pela calçada, parada sobre faixa de pedestres, avanço de semáforo no vermelho, fluxo em contramão, ultrapassagem e conversão proibida. A tecnologia chamada laço indutivo também permite registrar e capturar a imagem do veículo e da moto em qualquer local da via. 

“É possível capturar instantaneamente a imagem da moto, inclusive entre faixas, permitindo a perfeita identificação quanto à marca, modelo, placa, local, data e horário da infração e, adicionalmente, pode gerar um vídeo, tornando o registro ainda mais incontestável”, explica o especialista em mobilidade, Guilherme Araújo, que também é diretor-presidente da Velsis, fabricante de tecnologia em trânsito.

Os equipamentos – instalados em cidades como São Paulo, Curitiba, Salvador, Anápolis, Aracajú, Novo Hamburgo e nos estados do Pará e Rio de Janeiro – detectam ainda transporte irregular em motos, falta de capacete, conversões proibidas e retornos irregulares. “Todas as informações geradas pelos sensores permitem aos agentes públicos monitorar e avaliar comportamento e tendências de comportamento dos condutores, inclusive das motos, bem como autuar – se houver desrespeito e legislação vigente”, explica Guilherme Araújo.

Números do Brasil 

No Pará, 514 faixas de radares de velocidade e 80 equipamentos para videomonitoramento estão ajudando a reduzir acidentes com motos, desde 2020. A frota de motocicletas do estado, proporcionalmente, é a maior do Brasil em percentual, com 53% do total. Ao todo, são 2,34 milhão de veículos, sendo que 1,24 milhão são motos.

De acordo com o diretor técnico e operacional do Detran Pará, José Bento de Andrade Gouveia Junior, a tecnologia dos radares está ajudando a reduzir mortes e infrações envolvendo motociclistas. “Cerca de 90% dos traumas que chegam ao Hospital Metropolitano de Belém são de motociclistas acidentados. Iniciamos uma força-tarefa no estado para reverter este quadro apostando em qualificação, tecnologia e educação no trânsito sobre a importância do uso do capacete, que não é utilizado por 60% dos motociclistas”, conta José Bento.

Segundo ele, com isso, o número de mortes em acidentes de trânsito que era de 7,88 para cada 10 mil veículos em 2016, caiu para 5,95 em 2021 mesmo com o aumento da frota. “Acreditamos que com esta redução já conseguimos salvar mais de 600 vidas”, conta.

Em Curitiba, foram instalados 200 novos radares – sendo a Velsis responsável por 135 equipamentos na região Sul – para controle de velocidade. A medida resultou em uma redução de 48% no número de acidentes com vítimas. Dados recentes divulgados pelo Batalhão de Polícia de Trânsito do Paraná (BPTRAN) apontam que em 2019 o número de acidentes com vítimas foi de 4.278, entre os meses de janeiro a agosto. Já em 2022, no mesmo período, o número de acidentes contendo vítimas baixou para 2.089.

No entanto, o número de acidentes com motos foi de 51%, mesmo as motocicletas representando apenas 11,5% da frota total de veículos emplacados na cidade. Isso significa que de 1,5 milhão de veículos, 167.786 são motos. 

Em Natal, capital do Rio Grande do Norte, uma ação articulada entre órgãos do Governo do Estado está sendo realizada para diminuir o número de acidentes de trânsito, em especial os que envolvem motocicletas. A medida emergencial se dá pelo crescimento de 35% no número de atendimentos por acidentes de motocicletas no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG) em 90 dias. 

Para Guilherme Araújo, a mobilidade urbana é um grande desafio para governantes de todo o mundo.  “O monitoramento auxilia as administrações de trânsito municipais e estaduais no planejamento urbano”, finaliza.

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