O mercado de ônibus elétricos no Brasil fechou o primeiro semestre de 2025 com crescimento recorde. Foram 306 unidades emplacadas em todo o país entre janeiro e junho — aumento de 141% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram vendidos 127 veículos. Só em junho, foram 34 ônibus elétricos licenciados, número três vezes maior do que no mesmo mês do ano passado.
O avanço é impulsionado por políticas públicas, novas linhas de financiamento e pela pressão por metas de descarbonização no transporte coletivo. Além disso, a oferta de modelos vem crescendo, com dez fabricantes atuando no Brasil, sete deles com vendas registradas neste ano.
São Paulo/SP lidera a transição elétrica com 90% das vendas nacionais
A capital paulista concentrou 275 dos 306 ônibus elétricos emplacados no país no primeiro semestre — o equivalente a 90% do total nacional. A cidade se consolidou como principal referência brasileira em mobilidade de emissão zero, com um processo de eletrificação contínuo e respaldado por legislação própria.
A política pública para descarbonização da frota paulistana começou com a Lei Municipal 16.802/2018, que fixou metas graduais de corte nas emissões até 2038. Desde 2022, está proibida a entrada de novos ônibus a diesel no sistema municipal. O impulso recente tem origem em medidas da atual gestão, que priorizou a eletrificação da frota. Só em 2025, mais de 270 novos veículos elétricos foram incorporados.
Além da frota moderna, São Paulo também mantém 201 trólebus em operação, herança de uma experiência iniciada em 1949 — a primeira do tipo na América Latina.
Outras cidades paulistas também avançam
Cidades do interior e da Grande São Paulo estão iniciando seus processos de eletrificação:
- São Bernardo do Campo: 11 ônibus
- Ribeirão Preto: 4
- Campinas: 2
- Barueri: 1
- Taboão da Serra: 2
A concentração no Estado reforça a posição de São Paulo como polo nacional da eletromobilidade.
Outras capitais dão os primeiros passos
Fora de São Paulo, os emplacamentos ainda são pontuais. Entre as capitais, os maiores avanços ocorreram em:
- Salvador/BA: 3 ônibus
- Goiânia/GO: 3 ônibus
- Resende/RJ: 4 ônibus
- Cariacica/ES: 1 ônibus
A adesão é estimulada por legislações locais e pelos recursos do PAC Cidades, que financia projetos de mobilidade sustentável. No entanto, o ritmo é desigual, com dificuldades operacionais, financeiras e de infraestrutura em várias regiões.
Fabricantes: Eletra e BYD dominam 65% das vendas
O segmento de ônibus elétricos no Brasil é disputado por 10 fabricantes, sendo sete com vendas registradas no semestre. A liderança é dividida entre Eletra, com 105 unidades, e BYD, com 95. Juntas, elas somam 65,3% das vendas nacionais.
Confira o ranking de vendas:
- Eletra: 105 unidades (34,3%)
- BYD: 95 (31,0%)
- Mercedes-Benz: 70 (22,8%)
- Induscar: 15 (4,9%)
- Higer: 11 (3,6%)
- Ankai: 6 (1,9%)
- VW Truck & Bus: 4 (1,3%)
Empresas tradicionais como Marcopolo e Volvo não tiveram entregas no primeiro semestre, mas seguem ativas no setor. A Marcopolo, por exemplo, entregou 95 ônibus elétricos em julho, fora do período contabilizado. Como as vendas são geralmente realizadas em lotes vinculados a contratos públicos, podem ocorrer períodos com menor movimentação.
Capitais com maiores frotas de ônibus no Brasil
(para contextualização do potencial de eletrificação)
- São Paulo (SP): 15.000
- Goiânia (GO): 3.000
- Brasília (DF): 2.967
- Belo Horizonte (MG): 2.874
- Recife (PE): 2.800
Essas cidades concentram parte significativa da frota nacional e representam o maior potencial de expansão da eletromobilidade urbana no país.