Artigo de Jomar Napoleão da Silva, consultor automotivo na Carcon Automotive
Nos últimos anos temos visto um aumento gradual na participação dos modelos eletrificados sobre as vendas totais de veículos leves no Brasil.
Em 2022, segundo projeções da Carcon Automotive, essa participação deve ser de 2,16%, comparados com 1,69% em 2021, ou seja, um aumento de participação de 27,8%.
Comparando-se com 2019 esse aumento é cerca de quatro vezes.
Embora o Brasil não tenha ainda uma estratégia definida para a eletrificação veicular, o mercado mostra uma tendência de crescimento motivado principalmente por iniciativas de algumas montadoras.
Quando olhamos o que ocorre nos principais mercados do mundo, no entanto, verificamos que estamos bastante defasados em relação à evolução tecnológica global.
O mercado global
As estratégias de mobilidade elétrica variam conforme o país e incluem desde incentivos financeiros aos compradores, redução de impostos, objetivos de redução de emissões, entre outros.
Muitos países já introduziram datas limites para a emissão zero.
Com isso várias montadoras já têm datas definidas para o fim dos veículos puramente a combustão.
Em torno de 2028 o preço de veículos a bateria e os convencionais deverão estar pareados, o que deve acelerar a curva de introdução, eliminando-se a necessidade de incentivos financeiros para os compradores.
Com esse cenário, as montadoras estão alocando os investimentos no desenvolvimento de novos produtos eletrificados, praticamente abandonando novos projetos convencionais.
O que traz um risco ao Brasil, se demorarmos muito para colocar uma estratégia no papel (e na prática).
Um risco que pode significar a saída de mais montadoras do país, principalmente aquelas que já decidiram por investir somente em veículos puros elétricos.
A ideia de incentivar o veículo híbrido a etanol parece uma solução interessante, mas é preciso que ela se torne uma estratégia real, o que ainda não aconteceu.