Estudo aponta que bicicletas retiram até 52 passagens de ônibus por mês em Curitiba/PR

Um levantamento realizado por pesquisadores da PUCPR e IFPR analisou o impacto da bicicleta como alternativa ao transporte coletivo em Curitiba/PR e revelou que cada nova bicicleta em circulação retira, em média, até 52 passagens de ônibus por mês. A pesquisa, publicada na Journal of Infrastructure, Policy and Development, avalia o fenômeno da transição modal e os efeitos sobre a sustentabilidade urbana.

O que diz o estudo?

  • Cada nova bicicleta reduz até 52 passagens mensais no sistema de ônibus;
  • A cada R$ 0,10 de aumento na tarifa do transporte coletivo, surgem em média 1.068 novas bicicletas na cidade;
  • Um aumento de R$ 0,10 no preço dos combustíveis eleva em 1.520 unidades o número de bicicletas em uso;
  • A implantação de 1 km de ciclovia resulta em 333 bicicletas a mais em circulação;
  • Passageiros que trocam o ônibus pela bicicleta raramente retornam ao transporte coletivo, exceto em dias com clima severo.

Contexto e metodologia

  • O estudo analisou dados oficiais de Curitiba entre 2010 e 2019;
  • A média diária de usuários de ônibus na capital paranaense era de 1,47 milhão no período analisado;
  • Foram avaliados também os impactos da aquisição de automóveis e motocicletas:
    • Um novo carro representa a perda de 25 passagens de ônibus/mês;
    • Uma nova motocicleta, 201 passagens mensais.

Transporte e emissões

O levantamento ganha relevância diante dos dados do Net Zero Readiness Report 2023, da KPMG, que apontou o transporte como responsável por 16% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil em 2022. Entre 2005 e 2022, o setor registrou um aumento de 53% nas emissões absolutas.

Impacto nas políticas públicas

  • O crescimento do uso de bicicletas, incentivado por investimentos em ciclovias, bicicletários e serviços de compartilhamento, afeta diretamente o sistema de transporte coletivo.
  • Segundo os pesquisadores, a tendência exige atenção das administrações municipais, que precisam equilibrar a transição modal com a sustentabilidade econômica do transporte público.

“As bicicletas estão absorvendo consideravelmente os passageiros do transporte público e, conscientemente ou não, a administração da cidade vem contribuindo para essa tendência”, afirmou o pesquisador Luis André Fumagalli, da PUCPR.

Conclusão

A pesquisa alerta para a necessidade de planejamento urbano integrado, que considere tanto a promoção de modais sustentáveis quanto a preservação da eficiência e viabilidade econômica do transporte coletivo, fundamental para a mobilidade de grande parte da população urbana.