Idec defende revisão na forma de subsidiar transporte urbano em São Paulo

O Instituto de Defesa de Consumidores (Idec) declarou que houve falta de fiscalização do transporte público da cidade de São Paulo. A declaração foi feita por Rafael Calabria, que é coordenador do Programa de Mobilidade Urbana do Idec.

Além disso, para Calabria, falta transparência na forma como as empresas recebem subsídios da administração municipal. No ano passado as empresas Transwolff e UPBUS receberam mais de R$ 800 milhões de repasses da prefeitura.

A suspeita do envolvimento do crime organizado no transporte público já vem de muito tempo, e mesmo assim nada foi feito. Tudo remota ao final dos anos 90, quando grupos como o PCC já controlavam perueiros clandestinos.

Quando houve a regulamentação dos perueiros em várias cidades, o crime organizado continuou dentro do sistema, só que de forma regulamentada. Isso é algo que todo mundo já sabia, mas houve tolerância por parte das prefeituras.

“O subsídio é muito importante porque ele garante que o transporte seja mais acessível, que haja integrações [inclusive com o sistema metroferroviário]. Ele amplia minimamente o acesso social das pessoas ao transporte. Mas existem erros de gestão do setor, como por exemplo, pagamentos para as empresas levando em conta os passageiros transportados. Pagando por passageiros transportados, quanto mais lotado, mais o empresário ganha. Hoje subsidiamos em São Paulo – e em outras cidades do Brasil – as linhas mais lotadas. É uma remuneração muito equivocada, que estimula a má qualidade e que estimula o empresário a descumprir horários que não são lucrativos para ele”, alertou Calabria em entrevista à EBC.

A mudança na concessão do subsídio é algo que deve acontecer o quanto antes: “É preciso que se reformule e que se mude logo isso para começar a se pagar por custo, que é uma lógica onde, se o empresário não cumprir a viagem, não recebe [por ela]. Uma remuneração mais direta ao custo real torna mais fácil ter transparência e controle da sociedade e dos órgãos de controle”, disse Calabria.

A prefeitura de São Paulo e a SPTrans, além das empresas envolvidas na operação Fim da Linha, foram procuradas pela EBC para falar sobre os subsídios, mas ninguém quis dar entrevista.

Da Redação InterBuss.
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