A linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo trará não só uma nova alternativa de transporte para os paulistanos, mas também um feito de engenharia: a estação Higienópolis-Mackenzie, projetada a 64,86 metros de profundidade, será a estação de Metrô mais profunda da América Latina.
Segundo o professor Pedro Wellington Teixeira, do Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica da Escola Politécnica (Poli) da USP, um dos principais fatores que determinam a profundidade dessa linha é a necessidade de superar obstáculos no subsolo da cidade.
“No caso específico dessa nova linha, provavelmente as condicionantes têm a ver com a travessia sob o rio, além do cruzamento com uma linha já existente”, aponta.
Para garantir segurança e eficiência ao Metrô, é necessário manter distância adequada dos cursos de água e respeitar as rampas suaves, que evitam esforços excessivos nos trens e proporcionam maior conforto para os passageiros.
Além dos obstáculos naturais e já construídos, a geografia de São Paulo também influencia o projeto. O especialista comenta que a topografia variável da cidade, com diferenças de altitude de até 100 metros, é um desafio constante para engenheiros e projetistas.
“São Paulo é uma cidade que tem uma topografia bastante diversa”, explica Teixeira. Essas grandes profundidades trazem também riscos elevados. Obras subterrâneas, de acordo com Teixeira, são naturalmente complexas a partir de poucos metros abaixo da superfície e apresentam desafios ainda maiores, conforme a profundidade aumenta. “Você vai ter pressões muito maiores de água e de terra, e isso precisa ser gerenciado”, afirma. Para isso, os engenheiros utilizam tecnologias de monitoramento contínuo e métodos de construção especializados, como as escavações cilíndricas, que oferecem mais estabilidade.
A etapa inicial do projeto, que envolve estudos detalhados do solo e do subsolo, é crucial para prever e minimizar possíveis riscos.
O professor explica que, diferentemente das construções na superfície, as obras subterrâneas dependem de sondagens e métodos indiretos para mapear o solo.
“Essa fase de estudos preliminares é essencial”, reforça. Mesmo com investigações detalhadas, ajustes contínuos são necessários ao longo da obra, pois novas condições podem surgir.
“O solo de São Paulo tem uma geologia específica, particular, e os estudos são feitos muito voltados para isso”, acrescenta Pedro Teixeira.
O tempo necessário para concluir essas construções, explica Teixeira, é justificável frente à complexidade e ao detalhamento necessário em cada etapa. O professor ressalta a importância da paciência da população e garante que os benefícios de uma linha de Metrô moderna e eficiente serão de alta ajuda para a mobilidade urbana da cidade. “O transporte metroviário é realmente a melhor solução para termos mobilidade urbana”, conclui o professor.