Pesquisa revela agravamento da crise no transporte público da Região Metropolitana do Recife

A mobilidade urbana no Recife e nas cidades da Região Metropolitana (RMR) segue em colapso. Uma pesquisa da Unifafire apontou que mais de um terço da população percebe piora no transporte público nos últimos dois anos, enquanto quase 68% dos usuários estão insatisfeitos com o serviço. Entre os principais problemas estão a superlotação, o tempo de espera elevado, a falta de pontualidade e o sucateamento da frota.

O que a pesquisa mostrou?

  • 33,69% dos entrevistados disseram que o transporte público piorou.
  • 67,72% estão insatisfeitos com o sistema atual.
  • 70,3% relatam desconforto nas viagens.
  • 71,59% avaliam a superlotação como ruim ou muito ruim.
  • 66,08% estão insatisfeitos com o tempo de espera.
  • Apenas 11,38% consideram a frequência dos ônibus e metrô satisfatória.
  • 50,47% dizem que os veículos não são pontuais.

O levantamento foi feito com 851 moradores da RMR e tem margem de confiança de 95%. Segundo os organizadores, o resultado indica estagnação das políticas públicas, sem avanços significativos na qualidade do serviço.

Queda na demanda e impactos na cidade

Dados da Urbana-PE mostram que o sistema de ônibus perdeu 48% dos passageiros nos últimos 12 anos. Parte dessa demanda migrou para motos e mototáxis, o que gera efeitos colaterais negativos, como aumento nos acidentes de trânsito, crescimento dos custos para o sistema de saúde e maior congestionamento urbano.

Um sistema essencial — e em crise

Apesar da perda de usuários, o ônibus ainda é o principal meio de transporte na RMR, utilizado por 35,15% dos moradores, seguido por aplicativos de transporte (14,06%) e carro particular (13,83%). O levantamento aponta que:

  • 41,08% dos entrevistados usam o transporte público todos os dias.
  • O principal uso é para ir ao trabalho (37,56%) ou estudar (34,51%).

Segundo pior tempo de deslocamento do Brasil

Um relatório global do Moovit revelou que o Recife tem a segunda maior média de tempo de deslocamento do País:

  • 64 minutos diários, somando caminhada, espera e viagem.
  • 27 minutos apenas de espera, em média.

Diagnóstico grave

A crise no transporte público do Recife envolve fatores estruturais, como planejamento ineficiente, frota antiga, baixa integração com outros modais e subfinanciamento da operação. O resultado é uma espiral negativa: menos passageiros, menor arrecadação, menor capacidade de investimento, mais precariedade — e mais carros nas ruas. A consequência afeta todos os modais e impõe custos sociais, econômicos e ambientais à população.

A pesquisa da Unifafire escancara que, sem investimentos e modernização, o transporte público da Região Metropolitana do Recife continuará distante de atender às necessidades básicas da população.