Nesta segunda-feira (6), começou a valer a nova tarifa de ônibus de São Paulo/SP, que passou a ser de R$ 5,00, representando um aumento de 13,6%. Este é o primeiro ajuste desde janeiro de 2020, quando a tarifa foi mantida em R$ 4,40, mesmo com uma inflação acumulada de 32% no período, conforme dados do IPCA.
Segundo a administração municipal, caso a tarifa fosse ajustada de acordo com a inflação, o valor deveria ser superior a R$ 5,84. A proposta de aumento foi apresentada pela SPTrans, a empresa responsável pelo transporte público na cidade, durante uma reunião do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT), realizada no fim de 2024.
O novo valor foi encaminhado à Câmara Municipal para apreciação e, após a aprovação, passou a vigorar no início de janeiro. A Prefeitura de São Paulo afirmou que todas as gratuidades, como para idosos e pessoas com deficiência, continuarão valendo, assim como a possibilidade de integração entre até quatro ônibus no prazo de três horas.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) destacou que o reajuste é necessário devido ao impacto de diversos fatores, como o aumento do preço do diesel, dissídios trabalhistas, estimativas de inflação e a alta do dólar. Durante a campanha eleitoral de 2024, o prefeito não se comprometeu a manter a tarifa congelada ou aumentar o valor, mas frisou que não poderia ser irresponsável com as finanças públicas.
Em 2023, o sistema de transporte público de São Paulo custou R$ 11,4 bilhões, enquanto a receita arrecadada com as tarifas foi de R$ 11,3 bilhões. Para cobrir a diferença, mais da metade desse valor, cerca de R$ 6,7 bilhões, foi financiada por subsídios da Prefeitura, a chamada “compensação tarifária”. A SPTrans informou que, a cada aumento de R$ 0,10 na tarifa, a receita adicional seria de aproximadamente R$ 106 milhões anuais.
A proposta de reajuste, no entanto, foi alvo de críticas. Durante a reunião do CMTT, conselheiros e representantes da sociedade civil se opuseram ao aumento, questionando a qualidade do transporte público, a frota de veículos e os dados sobre a arrecadação das tarifas. Além disso, o Ministério Público investiga uma possível fraude no sistema do bilhete único, o que gerou ainda mais controvérsia.
Vale lembrar que, desde a gestão de Gilberto Kassab (PSD), os reajustes nas tarifas de ônibus municipais eram realizados em parceria com o governo estadual, visando a equiparação dos valores entre os sistemas de transporte municipal e estadual. Porém, em 2023, o prefeito Nunes optou por manter o valor da tarifa congelado, enquanto o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) aumentou as tarifas dos transportes estaduais, como Metrô e CPTM.
